DEUS NA NATUREZA E NO HOMEM
Por Astrid Sayegh
Deus é vida imortal e nossa plenitude se explica pela presença de Deus no Universo. Nossa mente é salva pelo Cristo, que participa da irmandade substancial para atingir a plenitude de si mesmo no plano moral. Todos os seres da natureza se salvam, posto que a vida é imortal e nela transcendemos mediunicamente. Dizemos mediunicamente, pois o Cristo nos ensina a movermo-nos em espírito, ou seja, a substância divina movente é intrínseca ao ser. Nela nos perfazemos e nos iluminamos na alma.
Somos oriundos da mesma fonte, e a vida espiritual, não só consiste na verdadeira vida, como atribui-se ao Senhor a eternidade que vive e participa dos entes, ou seres da criação. Somos Um na alma e o Pai Criador dignifica aqueles que são salvos pela substância atuante, mesmo e sobretudo no mundo da matéria. Sem a vida do espírito, no sentido lato de princípio inteligente, nós renunciaríamos a ser o que somos, isto é, não seriamos a Verdade em si mesma, na alma dos homens. Tal é o atributo da Humanidade, participar e ser do processo criativo em Deus.
Somos todos homens em consecução de nossos objetivos, mas a vida da alma transcende a vida no tempo para nos tornarmos eternos, diz Agostinho de Hipona. Sejamos salvos pelas luzes que vertem do plano espiritual, mas regozigemo-nos diante da centelha maior que diviniza as criaturas, como fonte excelsa do Criador.
Nossa alma é salva pelo Cristo. Nele somos e angariamos luzes, também a partir da reflexão filosófica, daí a necessidade da filosofia para dignificar o homem e trazer seu verdadeiro sentido da vida, qual seja, ser fonte em si mesmo, a partir da essência criadora.
Nossa alma é imortal, e Nele perfazemos nossa realidade, tornando-nos seres em transubstanciação, seres dotados de memória infinita, o que permite trazer da fonte a reflexão filosófica. Por isso nos dignificamos como deuses, pois a vida em si transcende a vida do Espírito na matéria, para alçar voos junto ao Eterno. Sejamos salvos pelas nossas luzes, e regozigemo-nos diante da vida essencial, que gera a verdade do Criador. Nossa vida transeunte, como a própria palavra, é parte da evolução, mas a evolução verdadeira consiste em dobrarmos nosso Espírito, para atingirmos o eterno dentro de nós, para atendermos o cume da criação.
Sejamos salvos por nossa conduta interior. Tanto no homem como na natureza, a vida transcende e passa a ser dignificada pelos homens a partir da concepção filosófica que, no caso do Espiritismo, se dignifica enquanto vida legítima, a ultrapassar o mundo fenomênico, ou o mundo das formas. O homem enternece-se pela luz que o acompanha na matéria, e passa a trasladar regiões espirituais intangíveis; é vida na alma por excelência, pois a memória do Criador é a memória ontológica, ou memória do Espírito, enquanto ser que é e que permanece em si e por si.
Não nos indignemo-nos por sermos homens em transubstanciação, mas alegremo-nos pela memória eterna que nos habita, que é a memória do Ser, do Pai Excelso em nossa alma. Sejamos luzes e fontes em si, para que a Verdade de Deus se mostre, mesmo no mundo das formas, a partir da mais alta reflexão filosófica, a ideia de Deus na alma.